terça-feira, 17 de agosto de 2010

Treinamento Funcional: A malhação do futuro


por Greice Rodrigues
Primeiro foi a explosão da aeróbica, seus pulos e suas indefectíveis polainas à Jane Fonda. Depois vieram a musculação e seus aparelhos pesados, a onda zen e suas aulas de ioga e meditação e a febre do Pilates, o método que conquistou o mundo com seus equipamentos mais suaves e a proposta de aumentar a consciência que temos sobre nosso corpo. Agora, se você quiser entender como será o fitness do futuro, esqueça tudo isso. Ou melhor, esqueça tudo isso visto assim, separadamente, com cada modalidade apresentando objetivos distintos e, na maioria dos casos, trabalhando o corpo como se ele fosse composto por partes que não se comunicam entre si. A nova malhação, que já está mudando a rotina das academias mais modernas do País, até utiliza um pouco de cada um dos métodos, mas, ao contrário do que se via até recentemente, os combina, não os separa. E os une de maneira precisa e harmônica, sem que nenhum se sobreponha ao outro.

Além disso, pela primeira vez, os exercícios estão movimentando regiões, músculos e outras estruturas do corpo jamais trabalhadas anteriormente – esforço feito com a ajuda de equipamentos criativos, desenhados para exigir mais, é verdade, mas também para ajudar no desenvolvimento de habilidades como equilíbrio e concentração. Tudo ao mesmo tempo. O objetivo final desse novo fitness é claro: garantir ao praticante um corpo saudável o suficiente para enfrentar sem tanto sofrimento os desafios do dia a dia e do envelhecimento.

Este conceito de malhação está baseado em três pilares: o primeiro é o exercício funcional, cuja finalidade, como o nome diz, é garantir que o corpo mantenha a sua funcionalidade. Ou seja, preservar sua capacidade de executar desde movimentos simples, como sentar-se ou pegar algo na prateleira, até alguns mais específicos, como aqueles exigidos de um esportista como corredor ou jogador de tênis. O segundo é o Core, um jeito completamente inovador de trabalhar o abdome, a região na qual todo o corpo está conectado. E o terceiro são os exercícios intensos intervalados, caracterizados pela alternância de intensidade com que são realizados.

Esses três elementos não foram inventados da noite para o dia, como se alguém tivesse tido um estalo mágico. Eles são resultado de uma ciência do esporte que amadurece ano a ano, muito por conta do anseio de oferecer respostas a uma população ávida por aprimorar o desempenho físico, mas, especialmente, devido à necessidade de oferecer estratégias mais eficazes para o treinamento dos atletas de alta performance. Por isso, não é à toa que os três já são usados por esses indivíduos. A diferença, agora, é que a revolução começa a chegar ao praticante comum.

Esse três elementos não foram inventados da noite para o dia, como se alguém tivesse tido um estalo mágico. Eles são resultado de uma ciência do esporte que amadurece ano a ano, muito por conta do anseio de oferecer respostas a uma população ávida por aprimorar o desempenho físico, mas, especialmente, devido à necessidade de oferecer estratégias mais eficazes para o treinamento dos atletas de alta performance. Por isso, não é à toa que os três já são usados por esses indivíduos. A diferença, agora, é que a revolução começa a chegar ao praticante comum.

A maioria das principais academias do País começa a introduzir esses conceitos. Em São Paulo, eles pautam os exercícios na Runner, na Cia. Athletica e na Fórmula. Na Contours, rede exclusiva para mulheres, o investimento foi em equipamentos e na formação dos professores. “As aulas foram adaptadas e a resposta das nossas clientes tem sido muito satisfatória”, conta Antonio Cassiano Ximenes, responsável pela marca no País. No Rio de Janeiro, uma das que acompanham a evolução é o Espaço Stella Torreão. “Eles estão mudando o jeito de exercitar o corpo”, diz Stella.

Quem se dirigir a um desses estabelecimentos certamente irá se deparar, por exemplo, com uma aula de exercício funcional. De cara, percebe-se a diferença em relação às manjadas aulas em que todos fazem os mesmos movimentos, repetindo séries monótonas. Na aula de funcional, cada aluno percorre um circuito pontuado por aparelhos de nomes esquisitos, como o bosu, uma espécie de bola cortada ao meio, a medicine ball ou fitball, uma grande bola, pranchas, elásticos, minitrampolim, halteres e pequenas rampas que ajudam a desenvolver de forma mais eficiente habilidades exigidas na vida diária, como coordenação, equilíbrio e agilidade. Em cada um dos pontos o praticante é desafiado a ficar em posições diferentes. Pode tanto ser obrigado a mover os halteres enquanto se equilibra sobre o bosu ou enquanto fica sobre um pé só. “A proposta é treinar movimentos, e não apenas músculos, como acontece na ginástica tradicional”, explica a fisiologista Vera Madruga, do Laboratório de Fisiologia do Exercício da Universidade Estadual de Campinas.

De fato, isso é fundamental quando o que se quer do corpo é que, mesmo com o passar dos anos, ele continue apresentando capacidade de executar grandes e pequenos movimentos, mantendo sua funcionalidade. E o grande problema com o treino convencional é que ele não garante essa maleabilidade e tampouco fortalece músculos normalmente exigidos em atividades corriqueiras, como amarrar os sapatos.

Exercícios localizados, como a musculação, realizados sempre com alguma carga ou em aparelhos de resistência fixa, estimulam os músculos de maneira isolada. No modelo funcional, o mesmo treino pode ser realizado sobre a medicine ball, apresentando resultados mais completos. “A bola é uma superfície instável que exige a mobilização de um grupo maior de músculos responsáveis pela sustentação do corpo”, explica o professor de educação física Vilmar Villas, gerente técnico da Cia. Athletica. Essa é uma das razões pelas quais uma pessoa que faz a musculação tradicional, se ficar muito tempo de pé em uma fila de espera, provavelmente irá sentir um desconforto na região lombar. “Já aquela que faz treino funcional não sentirá o incômodo porque sua musculatura estará mais preparada para esse tipo de stress”, diz Villas.

Para os atletas, os exercícios funcionais têm essa amplitude global, mas se voltam mais especificamente para atender às necessidades de cada atividade. “Um dos objetivos é prevenir ou auxiliar na recuperação de lesões”, diz o fisiologista Guilherme Molina, professor da Universidade de Brasília.

O empresário carioca Antonio Carlos Maciel, 46 anos, beneficiou-se do método. Após machucar o joelho, não conseguia mais jogar tênis. Iniciou o treino funcional, no seu caso focado no fortalecimento da região do joelho com o propósito de poupar a articulação de sobrecarga. “Oito meses depois, voltei às quadras”, diz. “A dor não incomoda mais.”

A outra finalidade é aprimorar a performance. Foi com essa intenção que a cantora Syang, 40 anos, passou a fazer treino funcional duas vezes por semana. “Melhorei meu rendimento e resistência”, conta ela, que pratica jiu-jítsu há cinco anos. Essa melhoria ocorre como consequência de um trabalho mais dirigido ao desenvolvimento de habilidades exigidas por cada modalidade. No caso da corrida, por exemplo, o treino consiste em exercícios que asseguram fortalecimento e potência aos membros inferiores. A corredora de aventura Sabrina Gobbo, 32 anos, recorreu ao método para melhorar a resistência e superar o cansaço físico e mental durante as competições. “Hoje, me canso bem menos e produzo mais”, diz. Para pilotos de corrida, a ênfase é em movimentos que solicitam músculos profundos do abdome e na estabilidade de braços e pernas. Há quatro meses o piloto da Stock Car Cássio Homem de Mello buscou essa ajuda. Ele sentia dores musculares e fadiga nas provas. “Sem esses incômodos me concentro melhor nas pistas”, conta.

Porém, os bons resultados só são registrados quando há continuidade na prática e o aluno recebe a orientação correta. “É fundamental que o treino seja feito com regularidade”, alerta Marcos Maitrejean, professor de educação física e especialista em treino funcional. Além disso, o profissional deve ser muito bem preparado. “Feito de forma inadequada, o treinamento funcional pode lesar seriamente as articulações e comprometer os resultados”, diz o professor.

O outro pilar da nova malhação, o Core, na verdade se entrelaça com o exercício funcional. Como ele, sua finalidade é refinar a funcionalidade do corpo. A diferença é que se propõe a fazer isso a partir da concentração da atenção para o que os especialistas chamam de Core, ou o centro do corpo. Localizado na região abdominal, o Core é composto por 29 músculos que sustentam o complexo quadril-pélvico-lombar. O interesse nesta área específica do corpo se dá em razão da constatação de que os músculos ali situados, particularmente os internos do tronco, são fundamentais para a estabilização da coluna vertebral. “Sob o ponto de vista funcional, essa é a região mais importante do organismo. Por isso, o treinamento com exercícios que desenvolvem sua estabilidade, força e resistência é vital”, diz o fisiologista Mauro Guiselini, diretor do Instituto Runner, de São Paulo. O enfraquecimento dessa musculatura leva a alterações na posição do quadril, flacidez abdominal e dores na coluna, entre outras complicações.

A questão é que os abdominais conhecidos – aquele contínuo deita-levanta, com as mãos servindo de apoio para a cabeça –, não atuam sobre essas musculaturas. “Eles fortalecem apenas os músculos superficiais, não as musculaturas profundas do Core”, diz Guiselini. O especialista é o criador de uma série especial de movimentos que conseguem atingir exatamente as estruturas desejadas. E, é claro, esses exercícios em nada se parecem com os abdominais que nos acostumamos a ver e a fazer. Na maior parte das vezes, o praticante se coloca em posturas inusitadas e pode lançar mão de recursos como o fitball. Tudo para que os tais músculos profundos finalmente sejam obrigados a trabalhar.

A meta dos exercícios intervalados intensos, a terceira base de sustentação do novo fitness, é um pouco diferente. O que se pretende com eles é principalmente aumentar a resistência cardiorrespiratória. Mas a melhora da força e da performance vem a reboque. Isso é possibilitado por meio de um esquema de treinamento que alterna períodos de exercícios realizados em intensidade máxima com outros, de pausas de recuperação, quando são executados em intensidade mais leve. “Podemos fazer isso com todas as modalidades que incluam uma predominância de trabalho sobre o sistema aeróbico”, explica o professor de educação física Mauro Cardaci, da Fórmula Academia. Incluam-se aí a natação, o ciclismo e o spinning, por exemplo.

Mas um dos esportes nos quais a técnica é mais usada é a corrida. Em um dos esquemas, o praticante pode seguir o seguinte roteiro, em 30 minutos, respeitando os limites de frequência cardíaca no pico e no repouso determinados pelo treinador: cinco minutos de aquecimento em baixa intensidade, seguidos de mais cinco minutos de alta intensidade. Depois, permanece em recuperação, com baixa intensidade de movimento, durante três minutos. Após essa pausa, parte para mais cinco minutos em alta intensidade, seguidos de mais três em recuperação. Os últimos nove minutos são divididos dessa maneira: cinco minutos em alta intensidade, seguidos de quatro em intensidade baixa decrescente. “Sua grande vantagem, além de acelerar o ganho de condicionamento aeróbico, é o tempo curto que se precisa para treinar”, diz o personal trainer Silvio Cezar Xavier, do Rio de Janeiro.

Recentemente, dois novos estudos deram força a esse argumento de que, com o exercício intervalado, não é preciso passar tanto tempo na academia. O primeiro foi realizado por pesquisadores da Universidade de McMaster, no Canadá, e se baseou na resposta de voluntários que pedalaram em bicicletas ergométricas. “Vimos que fazer dez minutos, com cerca de um minuto de descanso, três vezes por semana, garante ganho de músculo e condicionamento em volume semelhante ao da prática convencional, com intensidade contínua”, escreveu Martin Gibala, autor da pesquisa.

O outro trabalho foi feito na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, sob a coordenação de Jan Helgerud. Ele acompanhou corredores e ciclistas e constatou que o exercício intervalado pode dobrar a resistência, melhorar a oxigenação em mais de 10% e elevar a velocidade em no mínimo 5%. “Isso é importante também para ajudar as pessoas a se manter saudáveis”, disse Helgerud à ISTOÉ.

No Brasil, o especialista em fisiologia do exercício Michel Santos, de Goiás, realizou uma pesquisa com 22 mulheres e confirmou que esse modelo de exercício é mais eficaz também para o emagrecimento. “O treino intervalado, feito três vezes por semana, gera um gasto calórico de duas mil calorias”, explica. “O treino contínuo, cinco vezes por semana, queima 1,8 mil.”

O médico Eduardo Lorena, 32 anos, sentiu esses benefícios desde que aderiu ao treino intervalado. “Foi impressionante. Antes, não progredia tanto”, diz. “Agora, baixei meu tempo na corrida e tenho muito mais força.”

Os aparelhos também mudaram

A mudança de conceitos no fitness chegou aos aparelhos. Com design clean, eles permitem a execução de vários movimentos em uma única unidade, tornando possível trabalhar todo o corpo de uma só vez, como manda a regra da nova malhação.

Uma das novidades é o Holistic Training, um sistema de condicionamento baseado em exercícios de postura feitos com sobrecarga aplicada progressivamente. “Os movimentos são executados sobre uma plataforma vibratória informatizada, que possibilita a adequação de cargas para o praticante”, diz Aurélio Alfieri, um dos criadores da máquina.

Outro recente lançamento é o Kinesis One, da empresa Technogym. O aparelho possui quatro estações de trabalho com sistemas de cordas e polias que facilitam a execução de uma diversidade de movimentos que simulam força, postura, equilíbrio e coordenação. Já uma nova versão do Power Plate une o treino feito na plataforma vibratória com exercício de força para os membros superiores. Para Waldyr Soares, presidente do Fitness Brasil (instituto de pesquisa), essas mudanças refletem o que as pesquisas têm mostrado sobre o que as pessoas buscam nas academias. “Elas não querem só malhar. Elas buscam bem-estar e desenvolver outras habilidades. As empresas começam a perceber isso”, diz.

De fato, isso é fundamental quando o que se quer do corpo é que, mesmo com o passar dos anos, ele continue apresentando capacidade de executar grandes e pequenos movimentos, mantendo sua funcionalidade. E o grande problema com o treino convencional é que ele não garante essa maleabilidade e tampouco fortalece músculos normalmente exigidos em atividades corriqueiras, como amarrar os sapatos.

Exercícios localizados, como a musculação, realizados sempre com alguma carga ou em aparelhos de resistência fixa, estimulam os músculos de maneira isolada. No modelo funcional, o mesmo treino pode ser realizado sobre a medicine ball, apresentando resultados mais completos. “A bola é uma superfície instável que exige a mobilização de um grupo maior de músculos responsáveis pela sustentação do corpo”, explica o professor de educação física Vilmar Villas, gerente técnico da Cia. Athletica. Essa é uma das razões pelas quais uma pessoa que faz a musculação tradicional, se ficar muito tempo de pé em uma fila de espera, provavelmente irá sentir um desconforto na região lombar. “Já aquela que faz treino funcional não sentirá o incômodo porque sua musculatura estará mais preparada para esse tipo de stress”, diz Villas.

Para os atletas, os exercícios funcionais têm essa amplitude global, mas se voltam mais especificamente para atender às necessidades de cada atividade. “Um dos objetivos é prevenir ou auxiliar na recuperação de lesões”, diz o fisiologista Guilherme Molina, professor da Universidade de Brasília.

O empresário carioca Antonio Carlos Maciel, 46 anos, beneficiou-se do método. Após machucar o joelho, não conseguia mais jogar tênis. Iniciou o treino funcional, no seu caso focado no fortalecimento da região do joelho com o propósito de poupar a articulação de sobrecarga. “Oito meses depois, voltei às quadras”, diz. “A dor não incomoda mais.”

A outra finalidade é aprimorar a performance. Foi com essa intenção que a cantora Syang, 40 anos, passou a fazer treino funcional duas vezes por semana. “Melhorei meu rendimento e resistência”, conta ela, que pratica jiu-jítsu há cinco anos. Essa melhoria ocorre como consequência de um trabalho mais dirigido ao desenvolvimento de habilidades exigidas por cada modalidade. No caso da corrida, por exemplo, o treino consiste em exercícios que asseguram fortalecimento e potência aos membros inferiores. A corredora de aventura Sabrina Gobbo, 32 anos, recorreu ao método para melhorar a resistência e superar o cansaço físico e mental durante as competições. “Hoje, me canso bem menos e produzo mais”, diz. Para pilotos de corrida, a ênfase é em movimentos que solicitam músculos profundos do abdome e na estabilidade de braços e pernas. Há quatro meses o piloto da Stock Car Cássio Homem de Mello buscou essa ajuda. Ele sentia dores musculares e fadiga nas provas. “Sem esses incômodos me concentro melhor nas pistas”, conta.

Porém, os bons resultados só são registrados quando há continuidade na prática e o aluno recebe a orientação correta. “É fundamental que o treino seja feito com regularidade”, alerta Marcos Maitrejean, professor de educação física e especialista em treino funcional. Além disso, o profissional deve ser muito bem preparado. “Feito de forma inadequada, o treinamento funcional pode lesar seriamente as articulações e comprometer os resultados”, diz o professor.

O outro pilar da nova malhação, o Core, na verdade se entrelaça com o exercício funcional. Como ele, sua finalidade é refinar a funcionalidade do corpo. A diferença é que se propõe a fazer isso a partir da concentração da atenção para o que os especialistas chamam de Core, ou o centro do corpo. Localizado na região abdominal, o Core é composto por 29 músculos que sustentam o complexo quadril-pélvico-lombar. O interesse nesta área específica do corpo se dá em razão da constatação de que os músculos ali situados, particularmente os internos do tronco, são fundamentais para a estabilização da coluna vertebral. “Sob o ponto de vista funcional, essa é a região mais importante do organismo. Por isso, o treinamento com exercícios que desenvolvem sua estabilidade, força e resistência é vital”, diz o fisiologista Mauro Guiselini, diretor do Instituto Runner, de São Paulo. O enfraquecimento dessa musculatura leva a alterações na posição do quadril, flacidez abdominal e dores na coluna, entre outras complicações.

A questão é que os abdominais conhecidos – aquele contínuo deita-levanta, com as mãos servindo de apoio para a cabeça –, não atuam sobre essas musculaturas. “Eles fortalecem apenas os músculos superficiais, não as musculaturas profundas do Core”, diz Guiselini. O especialista é o criador de uma série especial de movimentos que conseguem atingir exatamente as estruturas desejadas. E, é claro, esses exercícios em nada se parecem com os abdominais que nos acostumamos a ver e a fazer. Na maior parte das vezes, o praticante se coloca em posturas inusitadas e pode lançar mão de recursos como o fitball. Tudo para que os tais músculos profundos finalmente sejam obrigados a trabalhar.

A meta dos exercícios intervalados intensos, a terceira base de sustentação do novo fitness, é um pouco diferente. O que se pretende com eles é principalmente aumentar a resistência cardiorrespiratória. Mas a melhora da força e da performance vem a reboque. Isso é possibilitado por meio de um esquema de treinamento que alterna períodos de exercícios realizados em intensidade máxima com outros, de pausas de recuperação, quando são executados em intensidade mais leve. “Podemos fazer isso com todas as modalidades que incluam uma predominância de trabalho sobre o sistema aeróbico”, explica o professor de educação física Mauro Cardaci, da Fórmula Academia. Incluam-se aí a natação, o ciclismo e o spinning, por exemplo.

Mas um dos esportes nos quais a técnica é mais usada é a corrida. Em um dos esquemas, o praticante pode seguir o seguinte roteiro, em 30 minutos, respeitando os limites de frequência cardíaca no pico e no repouso determinados pelo treinador: cinco minutos de aquecimento em baixa intensidade, seguidos de mais cinco minutos de alta intensidade. Depois, permanece em recuperação, com baixa intensidade de movimento, durante três minutos. Após essa pausa, parte para mais cinco minutos em alta intensidade, seguidos de mais três em recuperação. Os últimos nove minutos são divididos dessa maneira: cinco minutos em alta intensidade, seguidos de quatro em intensidade baixa decrescente. “Sua grande vantagem, além de acelerar o ganho de condicionamento aeróbico, é o tempo curto que se precisa para treinar”, diz o personal trainer Silvio Cezar Xavier, do Rio de Janeiro.

Recentemente, dois novos estudos deram força a esse argumento de que, com o exercício intervalado, não é preciso passar tanto tempo na academia. O primeiro foi realizado por pesquisadores da Universidade de McMaster, no Canadá, e se baseou na resposta de voluntários que pedalaram em bicicletas ergométricas. “Vimos que fazer dez minutos, com cerca de um minuto de descanso, três vezes por semana, garante ganho de músculo e condicionamento em volume semelhante ao da prática convencional, com intensidade contínua”, escreveu Martin Gibala, autor da pesquisa.

O outro trabalho foi feito na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, sob a coordenação de Jan Helgerud. Ele acompanhou corredores e ciclistas e constatou que o exercício intervalado pode dobrar a resistência, melhorar a oxigenação em mais de 10% e elevar a velocidade em no mínimo 5%. “Isso é importante também para ajudar as pessoas a se manter saudáveis”, disse Helgerud à ISTOÉ.

No Brasil, o especialista em fisiologia do exercício Michel Santos, de Goiás, realizou uma pesquisa com 22 mulheres e confirmou que esse modelo de exercício é mais eficaz também para o emagrecimento. “O treino intervalado, feito três vezes por semana, gera um gasto calórico de duas mil calorias”, explica. “O treino contínuo, cinco vezes por semana, queima 1,8 mil.”

O médico Eduardo Lorena, 32 anos, sentiu esses benefícios desde que aderiu ao treino intervalado. “Foi impressionante. Antes, não progredia tanto”, diz. “Agora, baixei meu tempo na corrida e tenho muito mais força.”
Os aparelhos também mudaramA mudança de conceitos no fitness chegou aos aparelhos. Com design clean, eles permitem a execução de vários movimentos em uma única unidade, tornando possível trabalhar todo o corpo de uma só vez, como manda a regra da nova malhação.

Uma das novidades é o Holistic Training, um sistema de condicionamento baseado em exercícios de postura feitos com sobrecarga aplicada progressivamente. “Os movimentos são executados sobre uma plataforma vibratória informatizada, que possibilita a adequação de cargas para o praticante”, diz Aurélio Alfieri, um dos criadores da máquina.

Outro recente lançamento é o Kinesis One, da empresa Technogym. O aparelho possui quatro estações de trabalho com sistemas de cordas e polias que facilitam a execução de uma diversidade de movimentos que simulam força, postura, equilíbrio e coordenação. Já uma nova versão do Power Plate une o treino feito na plataforma vibratória com exercício de força para os membros superiores. Para Waldyr Soares, presidente do Fitness Brasil (instituto de pesquisa), essas mudanças refletem o que as pesquisas têm mostrado sobre o que as pessoas buscam nas academias. “Elas não querem só malhar. Elas buscam bem-estar e desenvolver outras habilidades. As empresas começam a perceber isso”, diz.



Comentários : Deixar um comentário »

FLUMINENSE INOVA COM GPS EM ATLETAS DE BASE


Responsável por um estudo pioneiro sobre o monitoramento do desempenho físico de atletas com base na tecnologia de GPS, o fisiologista Pedro Pereira, que esteve monitorizando o estado atlético da garotada do Flu no recém-terminado Estadual de Juniores, escreve à coluna para contar a sua novidade.

“João, sabe-se que estatísticas referentes ao desempenho físico de atletas em campo, tais como apresentadas nas transmissões da Liga dos Campeões da Europa, assim como no site da FIFA após os jogos da Copa do Mundo de 2010, têm despertado grande interesse e curiosidade, não apenas entre os profissionais do meio futebolístico e da imprensa especializada, mas também na população em geral.

“A análise de deslocamentos em campo constitui a abordagem mais específica possível para a detalhada avaliação de desempenho físico no futebol. Entretanto, até o presente momento, nenhum clube brasileiro dispõe, em sua rotina, de ferramentas consistentes para a realização deste tipo de estudo em jogos oficiais.

“Diante desta perspectiva, desenvolvi e validei cientificamente uma metodologia computacional própria para a análise de deslocamentos no futebol, baseada na tecnologia de GPS.


Juniores do Fluminense na final carioca de 2010
“Conduzi recentemente, com a colaboração do fisiologista-chefe do Fluminense, Marcio Assis, um estudo aplicado pioneiro no qual, utilizando a presente metodologia, mais de 30 atletas do clube foram monitorados durante partidas do Estadual de Juniores.

“Após os jogos, relatórios individuais de desempenho eram gerados e fornecidos aos integrantes da comissão técnica, permitindo que intervenções individuais específicas fossem realizadas, tanto no âmbito da preparação física, quanto da parte tática, de posicionamento e movimentação em campo, apresentando-se um feedback claro e objetivo aos atletas”.

Mais sobre a inédita metodologia do fisiologista em

http://suaperforma.com.br/Release_Pedro_Pereira_GPS

A famosa Cãibra! Por que isso ocorre? E o que fazer?


A cãibra é uma contração muscular muito forte, e involuntária.

Acontece devido ao cérebro que envia impulsos elétricos para um músculo se contrair, quando esse músculo está relaxado, há uma diferença de potencial elétrico entre o interior e o exterior das fibras musculares.

“Essa diferença se deve à presença de sódio no lado de fora e de potássio na superfície.

Com a chegada do impulso elétrico, porém, tudo muda: abre-se uma série de receptores na membrana que reveste as fibras musculares.

Os receptores são como portões, pelos quais o sódio consegue entrar.

Essa substância ocupa o espaço do potássio, que acaba saindo. A troca de lugares excita as partículas de cálcio situadas numa região mais profunda e elas, por sua vez, provocam movimentação dos filamentos musculares, ocasionando a contração. “

“O problema costuma ocorrer quando alguém toma muito diurético ou realiza exercícios físicos intensos”, afirma o fisiologista Renato Fraga Moreira Lotufo, da Escola Paulista de Medicina.

O que fazer?

Bom, quando ocorre a cãibra, o melhor remédio é fazer o movimento contrario bem devagar, pois um movimento muito rápido pode fazer com que contraia para o outro lado, causando uma nova dor.


--------------------------------------------------------------------------------

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Enxaguante bucal pode melhorar desempenho em exercícios


Atletas podem aprimorar desempenho em sessões intensas de exercícios em cerca de uma hora, simplesmente enxaguando a boca com solução de carboidratos.

Cientistas que estudam exercícios dizem ter topado com uma descoberta impressionante. Atletas podem aprimorar seu desempenho em sessões intensas de exercícios em cerca de uma hora, simplesmente enxaguando a boca com uma solução de carboidratos. Nem mesmo precisam engolir.

Contudo, devem ser usados carboidratos de verdade; os cientistas usaram uma solução de água e um derivado de amido sem sabor, chamado maltodextrina. Adoçantes artificiais não surtem efeito.

E os cientistas acreditam ter descoberto como isso funciona. Parece que o cérebro consegue sentir carboidratos na boca, mesmo aqueles sem sabor. Os sensores são diferentes daqueles para o doce, e estimulam o cérebro a responder, incitando o atleta.

Muitos atletas dependem de bebidas açucaradas para mantê-los em movimento. Porém, muitas vezes, quando o sangue é desviado do estômago para os músculos trabalhando durante exercícios intensos, bebidas ou alimentos causam cãibras estomacais. Assim, um enxaguante de carboidratos pode ser uma forma de obter o mesmo efeito.

“Você pode obter vantagem ao enganar seu cérebro”, disse um descobridor do efeito, Matt Bridge, professor de ciência de treinamento e esportes na Universidade de Birmingham, na Inglaterra. “Seu cérebro diz ao corpo: ‘Carboidratos estão a caminho’”. Com essa mensagem, músculos e nervos se preparam para trabalhar com mais força e por mais tempo.

É um efeito relativamente pequeno, afirmou George A. Brooks, pesquisador de exercícios da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que não estava envolvido na pesquisa. Mas uma pequena diferença, segundo ele, “pode fazer uma enorme diferença numa competição”.

A descoberta teve início com algumas revelações intrigantes, na década de 1990.

Até então, cientistas do exercício pensavam saber por que era indicado comer ou beber carboidratos durante um evento de longa duração, como uma maratona. Os músculos podem usar seu glicogênio, a forma de armazenamento da glicose, durante sessões longas de exercícios. Porém, se os atletas consomem carboidratos, eles podem proporcionar uma nova fonte de combustível para seus músculos famintos.

Essa teoria previa que os carboidratos não surtiriam efeito de desempenho em corridas mais curtas, de uma hora ou menos. Os músculos não conseguiriam esgotar seu glicogênio tão rápido, e quando o corpo metabolizasse os carboidratos pelo combustível, a corrida já estaria quase terminada.

Apareceram, então, um punhado de estudos mostrando que os carboidratos davam resultado em sessões mais curtas de exercícios. Atletas, muitas vezes ciclistas treinados, pedalavam com mais força e velocidade por uma hora após tomarem ou uma bebida contendo carboidratos, ou uma que tinha o mesmo sabor mas continha um adoçante artificial.

Em sessões intensas de exercícios durando mais de meia hora, os atletas eram capazes de atingir maiores velocidades ou manter o exercício por mais tempo quando haviam bebido a solução com carboidratos. Seu desempenho melhorava até 14%.

Alguns estudos, porém, não encontraram nenhum efeito. E a diferença parecia ser que os atletas com fome demonstravam um desempenho aprimorado.

Isso não fazia sentido. Poderia o corpo, de alguma forma, metabolizar os carboidratos nas bebidas e colocá-los em uso em tão pouco tempo? Será que os músculos chegavam a precisar de carboidratos em sessões tão curtas de exercícios?

Asker Jeukendrup, fisiologista de exercícios da Universidade de Birmingham, e colegas, resolveram testar essa ideia. Eles estavam entre os primeiros pesquisadores a descobrir um efeito de carboidratos em ciclistas pedalando por uma hora, e haviam ficado intrigados a respeito do motivo para isso acontecer.

Assim, eles deram a ciclistas profissionais infusões intravenosas de glicose ou, como grupo de controle, intravenosas de água com sal, antes de pedir-lhes que pedalassem o mais rápido que pudessem por aproximadamente 24 milhas -ou 38 km-, cerca de uma hora. A glicose intravenosa significava que os atletas tinham grandes quantidades de açúcar disponível instantaneamente sem a necessidade de digestão. Mas isso não teve efeito em seu desempenho

Em seguida, tentaram o que parecia ser uma ideia louca. Eles pediram que os ciclistas fizessem o mesmo percurso, mas que antes enxaguassem a boca com a solução de maltodextrina (ou, como controle, com água).

“Os resultados foram incríveis”, escreveram os pesquisadores. Enxaguar a boca com carboidratos surtia o mesmo efeito que bebê-los.

Outros cientistas repetiram o experimento. Um grupo usou corredores, pedindo que corressem por 30 minutos ou, em outro estudo, 60 minutos. Enxaguar a boca com carboidratos os levava consistentemente a correr mais longe, em comparação com o grupo do placebo.

Jeukendrup e seus colegas continuaram ajustando as condições do estudo. O que aconteceria, eles perguntaram, se os atletas comessem um desjejum antes de enxaguar a boca com carboidratos, ou de beber uma solução de carboidratos? Assim, descobriram que os carboidratos não surtiam efeito nenhum.

Enquanto isso, neurocientistas descobriram que cérebros de roedores, pelo menos, respondiam a carboidratos em suas bocas independentemente de sua resposta ao doce. São os carboidratos que importam, e por isso os adoçantes artificiais não estimulam esses caminhos que levam da boca ao cérebro.

Em seguida, Bridge e seus colegas de Birmingham usaram imagens funcionais de ressonância magnética para determinar se a glicose, que tem o sabor doce, teria o mesmo efeito no cérebro que a maltodextrina, de carboidratos sem sabor. Eles também testaram adoçantes artificiais para comparar. Os resultados de exames do cérebro confirmaram os resultados do estudo de exercícios: carboidratos ativam áreas do cérebro envolvidas com recompensas e atividade muscular. Os adoçantes artificiais, não.

E o enxágue é válido para a maioria dos atletas? Scott J. Montain, pesquisador de exercícios do Instituto de Pesquisa em Medicina Ambiental do Exército dos EUA, acha que não. Ele diz que o efeito é real, mas acrescentou que “competidores de resistência se sairão melhor simplesmente consumindo as calorias”. Dessa forma eles obtêm o combustível de verdade, em vez de “bochechar e dispensar um cuspe caro e pegajoso”.

Jeukendrup e Bridge, porém, dizem usar eles mesmos o truque do enxaguante bucal.

“Você percebe um benefício”, disse Bridge. Mas ele aponta que, num estudo, os atletas não sabem se estão recebendo carboidratos ou não. “Quando você sabe que o está tomando”, explicou, “então há uma chance de ocorrer 0 efeit0 placeb0...
fonte: New York Times

domingo, 8 de agosto de 2010

7º ENAF BH-Fórum Nacional de Futebol-


20 de agosto - sexta-feira – 10h às 13h
21 e 22 de agosto - sábado e domingo - 09h às 12h30

Cada vez mais, o futebol exige a especialização de diferentes funções e tarefas do jogador ao treinador, do médico ao fisioterapeuta, do chefe de departamento ao presidente do clube. O futebol decorre da natureza do confronto entre dois sistemas complexos: os times. Assim, como ciência e como esporte, ele exige dos jogadores, técnicos e profissionais envolvidos mais capacitação na busca de competências e conhecimentos.

Neste Fórum, o ENAF propõe a discussão de temas que enriqueçam os profissionais que trabalham com o futebol.


Estratégias de capacitação para detecção de talentos sobre a visão genética no futebol moderno

Prof. Ms. Eduardo Mendonça Pimenta – Coord. de Captação/Alto Rendimento do Cruzeiro



Formação de atletas jovens no futebolProf.Dr. Miguel Arruda - FEF/Unicamp – Consultor Técnico do Guarani F.C.



Desenvolvimento motor e suas implicações na Iniciação Desportiva no futebol Prof. Dr. Miguel Arruda



Estrutura e organização da temporada no futebol

Prof. Dr. Miguel Arruda



Implicações Fisiológicas na preparação do futebolista moderno Prof. Dr .Claudio Pavanelli – Fisiologista do Clube Atlético Mineiro

Treinamento da Preparação Física em situações climáticas de intenso calor e umidade:

Como otimizar o treinamento e quais os possíveis efeitos adversos.
Prof. Dr. Emerson Silami/UFMG - Fisiologista do Cruzeiro/BH

Testes de laboratório e campo no futebol
Prof. Dr. Turíbio Leite de Barros/UNIFESP/CEMAFE

Fisiologista do São Paulo F.C.



Metodologia da Preparação física no futebol Prof. Ms.José Mario Campeiz

Preparador Físico do Cruzeiro E.C.



A visão da mídia esportiva na aplicação da ciência no futebol

Palestrante: Bob Faria – Comentarista da TV GLOBO



Análise da Preparação Física da Seleção Brasileira x Principais seleções participantes da Copa de 2010Prof. Dr. Claudio Pavanelli – Clube Atlético Mineiro

Prof. Ms. Jose Mário Campeiz - Preparador Físico do Cruzeiro E.C.

Prof. Antônio Carlos Mello - Preparador Físico do Atlético Mineiro; Trabalhou no Santos, Palmeiras, Corinthians, Seleção Brasileira, Real Madri, entre outros clubes.



Preparação Técnica e Tática no FutebolSerá convidado um técnico





Investimento: R$ 120,00 (preço especial até 10 de agosto, após R$ 140,00)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

CARLINHOS NEVES RECEBE CONVITE DA SELEÇÃO BRASILEIRA


O técnico Mano Menezes está formando sua comissão técnica na seleção brasileira e ‘convocou’ um profissional bastante identificado no São Paulo. O preparador físico Carlinhos Neves recebeu o telefonema do treinador para integrar a comissão técnica.

Até a Copa do Mundo, a função de aperfeiçoar o físico do elenco canarinho vinha sendo desempenhada por Paulo Paixão e Fábio Mahseredjian. A ida de Carlinhos Neves para o posto acontece justamente em um momento em que a comissão técnica do São Paulo está questionada. O profissional deve acumular os trabalhos no Tricolor e no Brasil.

O fisiologista Turíbio Leite de Barros fora demitido do clube há poucas semanas, depois de trabalhar 25 anos no Morumbi. Já Ricardo Gomes está ameaçado em função dos maus resultados da equipe.

Apesar do acerto verbal, a Confederação Brasileira de Futebol ainda não confirmou oficialmente Carlinhos Neves no posto. A tendência é que a entidade aguarde para preencher todos os cargos vagos para anunciá-los juntos.

Uma fonte muito próxima de Mano Menezes informa que o colorado Fábio Mahseredjian não será o novo preparador físico da Seleção Brasileira

YOYO TEST, teste criado pela famoso fisiologista Jens Bangsbo


O desempenho no jogo de futebol é bastante influenciado pelo metabolismo aeróbio. Diversos estudos encontraram uma forte correlação do volume máximo do oxigênio com a distância percorrida durante o jogo. Atletas com melhor preparo aeróbio conseguem uma recuperação mais rápida dos esforços de alta intensidade, possibilitando realizar uma atividade mais intensa no decorrer da partida.

Existem vários testes para avaliar a resistência aeróbia, tanto de laboratório como testes de campo. Geralmente os testes de laboratório utilizam testes progressivos em esteiras e bicicletas ergométricas e os testes de campo se utilizam do corridas contínuas (como o teste de Cooper – 12 minutos). Apesar de serem muito utilizados estes protocolos não reproduzem o padrão de atividade realizado durante o jogo nos esportes coletivos, como o futebol, que diminui bastante a especificidade no teste.

Para resolver este problema alguns pesquisadores começaram a desenvolver testes mais específicos com o padrão de atividade realizado no jogo. E o formato que encontraram para a execução do teste foi o de ida e volta (yoyo). Neste tipo de protocolo além de correr os atletas têm que realizar o movimento de mudança de direção. Foram desenvolvidos vários testes neste formato, como o Leger, Soccer test, Beat test e o Yoyo test. Más o protocolo do Yoyo test é o mais utilizado no futebol mundial.

O Yoyo test foi desenvolvido por um famoso fisiologista dinamarquês Jens Bangsbo. Ele criou três tipos de protocolo, com dois níveis de dificuldade em cada tipo. Todos os protocolos são realizados em uma distância de 20 metros. Os atletas executam um esforço de intensidade progressiva e o resultado do teste é a distância total percorrida. A intensidade é controlada através de um som emitido por uma fita cassete. A diferença entre os protocolos é tempo para recuperação e o aumento da velocidade.

No teste contínuo não tem recuperação entre as corridas, porém a velocidade de corrida é mais baixa. No teste intermitente é realizado um intervalo de 5 segundos entre cada ida e volta (40 metros), porém o teste é realizado com uma velocidade maior. Já no teste “recovery” a recuperação entres os tiros é de 10 segundos e a velocidade de corrida é bem alta.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Síndrome do excesso de treinamento (overtraining)


Atletas de alto rendimento têm sido cada vez mais exigidos fisicamente, o que têm provocado uma alta incidência de prejuízos causados a saúde dos mesmos. Neste sentido, muito tem se falado sobre a síndrome do excesso de treinamento, conhecido também como overtraining (Rohlfs et al 2005).

O overtraining pode ser caracterizado por alterações metabólicas, redução da performance, alta incidência de lesões musculares, infecções virais e bacterianas decorrentes da má funcionalidade do sistema imune, dores musculares, fadiga crônica, alterações no estado de humor, presença de fadiga constante, insônia, má alimentação, entre outros sintomas (Rohlfs et al 2005).

Rohlfs et al 2005 citam que existem fatores externos que podem desencadear em um quadro de overtraining, como um número elevado de competições durante uma temporada, intervalos de recuperação inadequados entre as sessões de treinamento, uma excessiva expectativa de resultados por parte de treinadores ou familiares, o ambiente social do atleta, problemas de caráter pessoais, más condições médicas, fatores ambientais (altitude, temperatura e umidade). Estes mesmos autores citam ainda que a síndrome do excesso de treinamento é definida como um distúrbio neuroendócrino no qual a serotonina parece ter um importante papel nesta fisiologia ao lado de outros neurotransmissores. Neste sentido, a redução do conteúdo de glicogênio muscular, e conseqüente depleção dos estoques de energia, podem estimular a oxidação intramuscular de aminoácidos de cadeia ramificada (AACR), ou seja, leucina, isoleucina e valina. Desta forma, ocorreria uma diminuição da concentração plasmática desses aminoácidos, o que facilitaria a captação hipotalâmica de triptofano livre e, conseqüentemente, promoveria uma maior síntese de serotonina (ou 5- hidroxitriptamina) a partir do triptofano, desencadeando a fadiga central e, possivelmente, a síndrome de overtraining (Rogero et al, 2005)

Outro fator que pode ser um sinalizador da síndrome é o quadro inflamatório decorrente do exercício. Quando se realiza exercícios excêntricos ou com isquemia muscular, é comum que a fibra muscular sofra uma lesão, com aumentos de enzimas e citocinas plasmáticas (resposta inflamatória moderada), que visam a recuperação e regeneração muscular (Barquilha et al, 2010; Smith, 2003; Smith, 2004). Porém, quando não se têm uma recuperação adequada, essa resposta inflamatória passa a ser sistêmica e prejudicial ao atleta, o que pode acarretar em uma síndrome do excesso de treinamento (Rogero e Tirapegui, 2003). É comum encontrar aumentos de monócitos circulantes e citocinas como TNF-alfa, IL-6 e IL-1 durante um quadro de overtraining.

Outra teoria do overtraining é a da diminuição dos níveis de glutamina plasmática em exercícios de características prolongadas, sendo que a glutamina é utilizada por vários tecidos, em especial pelas células do sistema imune. Assim, uma diminuição da glutamina plasmática circulante pode interferir negativamente na função do sistema imune, aumentando a suscetibilidade a infecções do trato respiratório superior, sendo estas freqüentemente encontradas em indivíduos com overtraining (Rogero et al, 1995).

Estudos também têm encontrado altas concentrações de cortisol, noradrenalina e adrenalina, assim como baixas concentrações de testosterona, em indivíduos com overtraining (Hoogeven et al, 1996; Hooper et al, 1995).

Questionários psicossociais têm sido utilizados como ferramentas para detecção do overtraining. Neste sentido, um dos mais utilizados é o POMS (The Profile of Mood States) que avalia componentes relacionados com humor, como a ansiedade, raiva, depressão, entre outros. Alterações dos marcadores do estado de humor são utilizados frequentemente com o diagnóstico do estado de overtraining (Hoogeven et al, 1996; Hooper et al, 1995).

É importante salientar que a recuperação de um atleta acometido por essa síndrome pode demorar cerca de seis meses (Smith, 2000). Então, uma correta periodização do treinamento faz-se necessária para se evitar essa síndrome e evitar problemas futuros. A utilização de questionários também parece ser uma ferramenta útil na prevenção dessa síndrome, assim como a percepção do próprio atleta ou do responsável pela preparação física com relação a alterações que indiquem esse quadro. Antes de entrar em overtraining, Rogero e Tirapegui (2003) citam que ocorre um quadro anterior ao de overtraining, denominado overreaching. Nesta fase que antecedo o overtraining, a detecção dos sintomas negativos é mais fácil, assim como seu tratamento. Porém, caso não seja controlado, o estado de overreaching pode se converter em overtraining.

REFERÊNCIAS

Barquilha, Gustavo; Moura, NR; dos Reis, SA; Uchida, Marco Carlos; Bortolon, JR; Freitas Junior, PB; Hirabara, SM. Sessão de exercícios para hipertrofia muscular provoca dano muscular sem diminuição da força (In Press). Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 2010.

Rogero, MM; Mendes, RR; Tirapegui, J. Aspectos neuroendôcrinos e nutricionais em atletas submetidos a overtraining.. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, 49(3), p. 359-368, 2005.

Rogero MM, Tirapegui J. Overtraining - Excesso de treinamento. Nutr Pauta 11: 23-30, 2003.

Rohlfs, I. C. P. M.; et al. Relação da síndrome de excesso de treinamento com estresse, fadiga e serotonina. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v11(5), p. 367-372, 2005.

Raglin JS, Morgan WP. Development of ascale for use in monitoring traininginduced distress in athletes. Int J Sports Med, 15:84-8, 1994.

Smith LL Cytokine hypothesis of overtraining: a physiological adaptation to excessive stress? Med Sci Sports Exerc 32:317-31, 2000.

Smith LL. Overtraining, excessive exercise, and altered immunity: is this a T helper-1 versus T helper-2 lymphocyte response? Sports Med 33:347-64, 2003.

Smith LL. Tissue trauma: the underlying cause of overtraining syndrome? J Strength Cond Res 18:185-93, 2004.

Hoogeven AR, Zonderland ML. Relationship between testosterone, cortisol and performance in profissional cyclists. Int J Sports Med 17:423-8, 1996.

Hooper et al. Hormonal response of elite swimmers to overtraining. Med Sci Sports Med 25:741-7, 1995.



.: Prof. Mestrando Gustavo Barquilha

.: Preparador físico de atletas de alto rendimento

.: Membro do Instituto de Ciências da Atividade Física e Esporte

.: Pesquisador do Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Físico e Fisiologia Aplicada -GEPEFFA

.: Coordenador Cientifico do Simpósio Paulista de Educação Física e Esporte