sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Velocidade no futebol


Além da velocidade dos movimentos, é essencial que o atleta tenha inteligência de jogo
Francisco Adolfo Ferreira
Treinamento de velocidade e força, controle do volume através da distância percorrida (GPS), controle da intensidade através da freqüência cardíaca (monitores de FC) e medição dos parâmetros bioquímicos do sangue como forma de prevenção/preservação da integridade física dos atletas (Ck)... Estas são as grandes ideias em voga no treinamento do futebol atual.

Uma questão, porém permanece: o que é a velocidade no futebol? Basta ter jogadores com grande velocidade cíclica como um velocista olímpico? Alguém se lembra de Ben Johnson? O canadense que, tempos após ter sido banido por doping em Seul 88, resolveu tentar a sorte como jogador de futebol. Não teve sucesso.

Assim como a música que diz: “É preciso saber viver!”, no futebol, é preciso, antes de qualquer coisa, saber jogar!

Fui testemunha ocular da grande fase do Alex no Cruzeiro, em 2003. A diretoria, a imprensa e a torcida não o queriam. Alguns, maldosamente, o chamavam de “Alexotan”.

Luxemburgo, então, resolveu bancá-lo e garantiu à diretoria que, com ele, Alex jogaria e muito!

Alex é o tipo de jogador que, devido a sua imensa inteligência e técnica, aliadas a uma privilegiada visão de jogo, consegue imprimir um ritmo de jogo muito veloz, embora não seja um velocista. Com um percentual de gordura corporal que nunca tivera antes, em torno de 8% a 9%, motivado pelo excelente elenco, pela estrutura do clube, pelo grande treinador e pela vontade de dar a volta por cima após os inúmeros problemas de sua transferência para o Parma, conseguimos fazer de Alex um atleta mais rápido, mais ágil, com possibilidade de alcançar maior altura e maior distância em saltos verticais e horizontais e, finalmente, com maior probabilidade de manter o fôlego até o fim das partidas. Tudo isso porque estava carregando um menor peso extra e inútil de gordura corporal.

Jogadores como Alex, não perdem tempo para dominar a bola dando um, dois, ou até três toques antes de dar sequência a uma jogada. Não raras vezes, com apenas um toque, ou até mesmo com um drible de corpo, um corta-luz, a bola chega aonde ele quer e o jogo flui. Tostão, o genial meia do Cruzeiro e da seleção de 1970, talvez o atleta de futebol mais inteligente que já tenha pisado nos gramados de futebol, era um verdadeiro mestre nessas esquivas. Daí dizer-se que ele jogava (também) sem a bola.

Considero que a velocidade de movimentos é importante, mas que é preciso saber jogar... Não resta a menor dúvida! E aí entra a velocidade de percepção, detecção, processamento, tomada de decisão e execução da resposta à situação-problema daquele instante do jogo. É a inteligência de jogo!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Futebol na Altitude


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O futebol de alto rendimento exige cada vez mais uma elevada performance de seus atletas. Desta forma, as adaptações fisiológicas dependem das características físicas individuais de cada um deles, e também, do ambiente em que é praticado a atividade das ações de jogo. As condições ambientais existentes ao nível do mar e na altitude se diferem de maneira significativa, afetando o rendimento físico do futebolista na partida e, em caso extremo, associado às anomalias ou disfunções cardíacas, podendo sugerir o risco de morte súbita.

AS DEMANDAS FÍSICAS DO FUTEBOL
O futebol caracteriza-se por atividades intermitentes e pela imprevisibilidade, através da alternância de esforços, pelas ações motoras diferenciadas e intensidades variáveis: andar, trotar e estar parado caracterizam ações predominantemente aeróbias, enquanto que a corrida rápida, em alta intensidade, em curtas distâncias (por exemplo, sprints de 5 metros, 10 metros e 15 metros), aceleração, mudança brusca de direção, desaceleração, movimentos representados pelos dribles, chutes, saltos, lançamentos, giros velozes, mudanças rápidas de ritmos e direções, deslocamentos cíclicos e acíclicos caracterizam ações predominantemente anaeróbias aláticas.

Distâncias maiores em alta intensidade, que ocasionam a depleção considerável da fosfocreatina ou creatinafosfato (PCr) caracterizam ações predominantemente anaeróbias láticas. Neste sentido o futebol é uma modalidade caracterizada pela alternância de curta e média duração e estímulos de alta intensidade.

Pesquisadores sugerem que, no futebol, aproximadamente 85% representam ações de predominância aeróbia e cerca de 15% representam ações de predominância anaeróbia, sendo a distância total percorrida pelo futebolista, em média, de 9 a 12 km por jogo, a produção de lactato sanguíneo varia de 8 a 12 mol/l e 2/3 do jogo indicam uma freqüência cardíaca do jogador próxima a 85% da freqüência cardíaca máxima, podendo haver alterações de jogo para jogo, levando-se em consideração os sistemas táticos empregados, categoria do campeonato disputado, especificidades das funções táticas de jogo, condições físicas e técnicas dos futebolistas, etc.

SUBSTRATOS ENERGÉTICOS NO FUTEBOL
Os substratos energéticos tem fundamental importância no papel de geração de energia para o futebolista: a) ácidos graxos, glicose e glicogênio sustentam as células mitocondriais para a produção de 38 ATP (Adenosina Trifosfato) pelo Sistema Aeróbio (dependente do oxigênio); b) fosfocreatina ou creatinafosfato abastece o ambiente citossólico para a produção de 1 ATP pelo Sistema ATP-CP, também denominado Anaeróbio Alático; c) glicose e glicogênio muscular alimentam o ambiente citossólico para a produção de 2 ou 3 ATP pelo Sistema Glicolítico ou Glicogenólise, também conhecido como Anaeróbio Lático, conseqüente aumento da concentração de Lactato e prótons de Hidrogênio intra-citossólico; d) proteínas favorecem a síntese protéica, a renovação celular e enzimática, contribui para a eficiência anabólica, não possuindo importância primária no processo metabólico da produção energética. As enzimas participam das cadeias bioquímicas no mecanismo de produção de energia (ATP).

AMBIENTE DA ALTITUDE
Na altitude o futebolista encontrará um ambiente em hipoxia, que significa disponibilidade diminuída do oxigênio em atingir os sangues dos pulmões, devido a pressão reduzida do oxigênio no ambiente da altitude (deficiência do oxigênio). A pressão barométrica diminui gradativamente à medida que o ambiente se torna cada vez mais elevado em relação ao nível do mar, de forma que o ar fique cada vez mais rarefeito e a pressão parcial do oxigênio cada vez mais reduzida. A quantidade de moléculas de oxigênio num determinado volume de ar é menor nas altitudes mais elevadas. Mais ar o futebolista deve inspirar para suprir a mesma quantidade de oxigênio numa respiração normal verificado ao nível do mar, para aportar um maior volume de ar na tentativa de suportar as demandas físicas do jogo.

TEMPERATURA E UMIDADE DO AR NA ALTITUDE
Não somente a pressão parcial de oxigênio é modificada no ambiente em altitude. A temperatura é reduzida numa taxa de aproximadamente 1° C para cada 150 metros de subida (elevação). As temperaturas baixas, o ar seco e os ventos da altitude promovem os distúrbios relacionados ao frio como a hipotermia e a desidratação (devido a baixa umidade do ar e à diurese nas primeiras horas de exposição ao ambiente, bem como ao aumento da radiação solar).

A exposição aguda ou crônica em ambientes de altitude e a prática simultânea de atividades físicas induzem os futebolistas ao acréscimo do estresse fisiológico e psíquico, devido às condições de hipotermia, hipohidratação, hipoglicemia, provocados pelas características do ambiente em hipoxia hipóxica a que estão associados.

A RESPIRAÇÃO NA ALTITUDE
O organismo humano depende da captação, do transporte e da utilização do oxigênio disponível no ambiente. A respiração (ventilação pulmonar) do futebolista é aumentada na altitude, tanto em repouso quanto durante o jogo (em esforço). Há um aumento na frequência respiratória, na qual elimina-se mais CO2 (dióxido de carbono) na troca gasosa, caracterizando uma situação de alcalose respiratória, um estado fisiológico onde há elevação do pH acima de 7,4 (alcalino), através de ajustes pela hiperventilação (centro respiratório bulbar), realizados pelos quimiorreceptores periféricos localizados nas artérias carótidas e no arco aórtico, responsáveis pelas respostas às diminuições de pressão de oxigênio arterial, pH arteriais e às respostas aos aumentos de pressão de dióxido de carbono arterial.

Durante cada respiração oxigênio e dióxido de carbono são trocados através da membrana alvéolo-capilar pulmonar. Quase todo o oxigênio levado para os tecidos está ligado à hemoglobina, apenas uma pequena quantidade está dissolvida e transportada no plasma.
Portanto, os futebolistas na altitude estão sujeitos à hipertensão arterial pulmonar associada à hipertrofia ventricular direita do coração, hipoventilação alveolar, capacidade de difusão pulmonar diminuída, taxa de perfusão-ventilação anormal e diminuição na quantidade total de oxigênio ligado à hemoglobina.

A COMPENSAÇÃO RENAL NA ALTITUDE
Os rins são os responsáveis pelas adaptações da excreção e da absorção pelos túbulos renais, na busca do reequilíbrio ácido-basico do corpo humano (pH fisiológico). Em ambiente de altitude a compensação renal consiste na diminuição da excreção de prótons de hidrogênio e na diminuição da reabsorção de bicarbonato (HCO3).

A adapatação renal a longo prazo em ambiente de altitude é a secreção aumentada do hormônio eritropoietina ou hemopoietina (uma glicoproteína provavelmente formada no aparelho justaglomerular ou na membrana glomerular renal), liberado no sangue circulante por um ou dois dias, estimulando a medula óssea a produzir eritrócitos (policitemia) e, conseqüentemente, provocando a elevação da concentração de hemoglobina no sangue. Pesquisadores destacam que novos glóbulos vermelhos somente começam a aparecer na circulação após 2 a 4 dias, atingindo a intensidade de produção máxima após o quinto dia ou mais. Nestas condições eleva-se a viscosidade do sangue, podendo acarretar efeito deletério, destacando-se o aumento da pressão arterial e da sobrecarga cardíaca do futebolista.

O CORAÇÃO NA ALTITUDE
A necessidade de suprir os tecidos de oxigênio e a necessidade de compensar a diminuição de fornecimento de oxigênio às células do corpo humano, pela diminuição de oxigênio ligado à hemoglobina, fazem com que haja uma maior resposta cardiovascular, através do aumento do débito cardíaco, ocorrendo a vasoconstrição pulmonar em resposta à hipoxia alveolar, aumentando-se a pressão arterial pulmonar. A hipertensão pulmonar, característica da altitude, eleva o trabalho realizado pelo coração, provocando a hipertrofia da câmara cardíaca ventricular direita, agravada pelo aumento da viscosidade do sangue (devido a policitemia), podendo provocar complicações cardíacas, alterações no eletrocardiograma e até o risco de morte súbita, considerando-se a existência de anomalia e disfunção cardíaca do futebolista.

O DESEMPENHO ATLÉTICO NA ALTITUDE
O desempenho atlético e a performance dos futebolistas decaem na altitude, comprometendo as respostas fisiológicas, provocando a redução da qualidade de resposta ao estímulo. Além da alcalose respiratória, muitos pesquisadores destacam um aumento na produção do lactato e prótons de hidrogênio, em resposta à deficiência de funcionamento do metabolismo aeróbio, bem como a acidose citossólica e a fadiga muscular. Nessas circunstâncias ocorrem disfunções mitocondriais no ciclo de Krebs e na cadeia de transporte de elétrons, atingindo-se o estresse oxidativo e a conseqüente redução da capacidade aeróbia máxima do futebolista, denominada de VO2max (Volume de oxigênio máximo), que consiste na captação, transporte e utilização do oxigênio pelo sistema aeróbio na produção de energia. Pesquisadores indicam uma redução representativa do VO2max de aproximadamente 3% a 3,5% para cada 300 metros de ascensão acima de 1.500 metros de altitude, ou ainda, 11% de redução do VO2max para cada aumento de 1.000 metros acima de 1.600 metros de altitude. Pesquisadores também direcionam para um resultado médio do VO2max de 60 ml/kg/min, para um futebolista profissional treinado ao nível do mar.

SINTOMAS DA ALTITUDE
Nas primeiras 24 horas da chegada a altitude o futebolista tem sua condição psicofísica piorada por causa das respostas adaptativas fisiológicas, como a desidratação e os distúrbios do sono. Queixa-se de cefaléia, fadiga, tonturas, palpitações, insônia, perda de apetite e náuseas (conhecida como doença aguda das montanhas), devido a hipoxemia e a alcalose respiratória. Outros sintomas são vômitos, dispnéia (dificuldade e desequilíbrio no padrão respiratório), além da tolerância reduzida ao exercício.

Além de problemas clínicos tais como complicações cardíacas, mesmo em repouso, outros sintomas muito graves (letais) como o edema pulmonar (acúmulo de líquido nos pulmões para altitudes acima de 2.700 metros), como o edema cerebral (acúmulo de líquido intracraniano para altitudes acima de 4.000 metros), além de confusão mental e coma.

Os efeitos da altitude sobre o organismo provocam: a) perda de peso corporal de até 3% em 8 dias (em uma elevação de 4.300 metros) ou de até 15% após um período de 3 meses em uma altitude de 5.300 metros a 8 mil metros; b) redução do apetite e consumo alimentar; c) aumento da taxa metabólica basal; d) consumo insuficiente de energia; e) depleção das reservas de glicogênio muscular.

ACLIMAÇÃO E ACLIMATAÇÃO NA ALTITUDE
A aclimação do futebolista é caracterizada pelas alterações e pelos ajustes fisiológicos que ocorrem imediatamente à exposição da altitude (a curto prazo), como a hiperventilação e como a maior resposta cardiovascular. Na aclimatação do futebolista, as alterações fisiológicas estão relacionadas com o tempo de adaptação à altitude, através de ajustes fisiológicos como as adaptações celulares, melhor equilíbrio ácido-básico, alterações hematológicas (produção de eritrócitos e hemoglobinas), alterações no peso e na composição corporal.

Muitos fisiologistas recomendam uma aclimatação na altitude de 4 a 6 semanas. O período de aclimatação depende da altitude em que o futebolista estará exposto. Pesquisadores sugerem, por exemplo, a 2.700 metros cerca de 7 a 10 dias; 3.600 metros cerca de 15 a 21 dias; a 4.600 metros cerca de 21 a 25 dias.

SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR NA ALTITUDE
Devido ao estresse oxidativo provocado pelo sistema aeróbio, a suplementação de vitaminas como função antioxidante poderia ser sugerida na altitude, para a minimização da queda do desempenho psico-físico associada com o dano provocado pelos radicais livres.
As vitaminas são necessárias para a formação e fator de maturação dos glóbulos vermelhos. A vitamina B12, por exemplo é um nutriente essencial para todas as células do corpo no aspecto crescimento e maturação. Sua falta representa uma maturação nuclear incompleta. Segundo pesquisadores, a quantidade de vitamina B12 diária necessária para manter a maturação normal dos glóbulos vermelhos é de menos de 1 micrograma, enquanto que no fígado existe armazenado quantidade mil vezes maior.
O ácido fólico também faz parte do complexo vitamínico B, importante para o mecanismo de controle do funcionamento celular.
O ferro é absolutamente necessário para a formação da hemoglobina, da mioglobina e de outras essenciais à função corporal. O excesso de ferro é depositado principalmente nas células hepáticas (cerca de 60% do excesso), na forma de ferritina (ferro de depósito), para suprir as deficiências dos tecidos do corpo quando necessárias.

Acredita-se que uma suplementação com ferro poderia ser benéfica para o futebolista com deficiência deste nutriente, principalmente pelo fato da elevação da secreção de eritropoietina pelos rins agirem no aumento da concentração de eritrócitos e de hemoglobina do sangue em ambiente de altitude.

Alguns pesquisadores observam que a produção simultânea de radicais livres pode ser aumentada por ferro livre em excesso.
Uma direta rica em carboidrato poderia ser muito útil ao futebolista, não somente como valor nutricional, mas também como fonte para a formação de glicose sanguínea (regulação glicêmica) e de glicogênio muscular, substratos essenciais para o metabolismo na produção de energia. Pesquisadores demonstraram que o consumo de carboidrato melhora a oxigenação sanguínea na altitude, através do aumento da tensão de oxigênio e da saturação de oxihemoglobina no sangue arterial.

As necessidades energéticas necessárias ao atleta não habituado à altitude podem não ser alcançadas em virtude da redução do apetite e da redução do consumo alimentar, também, pela elevação do metabolismo basal, oscilando entre 3.800 kcal/dia até 6 mil kcal/dia, dependendo da especificidade da modalidade esportiva; sexo, idade, características genéticas e fisiológicas do indivíduo, condições do ambiente.
Poucos estudos (ou quase nenhum) elencam com clareza, detalhe e exatidão uma recomendação suplementar na altitude.

HIDRATAÇÃO NA ALTITUDE
A baixa umidade do ar, a diurese aumentada nas primeiras horas de exposição e o aumento da ventilação pulmonar elevam o risco de desidratação do futebolista na altitude. Pesquisadores recomendam o consumo de 3 a 5 litros diários como forma para hidratar o futebolista. Para monitorar a condição de hidratação do atleta é sugerido verificar a cor de sua urina: cor amarelo-pálido pode representar um organismo hidratado; cor escura e concentrada pode indicar desidratação.
A adição de carboidratos nos líquidos pode promover a melhora da palatabilidade, podendo sugerir uma minimização na falta do apetite.

REPOSIÇÃO DE OXIGÊNIO NA ALTITUDE
Visando a busca da minimização dos efeitos maléficos e desconfortos imediatos da altitude, provocados pela diminuição da pressão de oxigênio, pesquisadores e fisiologistas sugerem a oxigenoterapia, através da utilização de aparelhos de oxigênio portáteis (garrafas ou cilindros com máscaras) que, dependendo da altitude, poderá ser utilizado durante a subida ao ambiente em hipoxia.

CONTRIBUIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS DIRETOS
Os testes físicos diretos representam ferramentas utilíssimas para os fisiologistas mensurarem e avaliarem as capacidades aeróbias dos futebolistas, em especial o teste do VO2max (volume máximo de oxigênio), cujas interpretações poderão sugerir quais futebolistas deverão sentir em menor amplitude os efeitos deletérios da altitude. Uma maior capacidade aeróbia indica melhor eficiência na captação, transporte e utilização do oxigênio, no trabalho mitocondrial do ciclo de Krebs e cadeia de transportes de elétrons, para a produção de energia. Futebolistas não habituados à altitude que apresentam maior capacidade aeróbia e que alcançam seus limiares anaeróbios L¹ L² (intervalos ventilatórios) mais tardiamente (características fisiológicas de melhor resistência aeróbia e anaeróbia) sugerem ser os mais indicados a atuarem numa competição em ambiente de hipoxia.

Fisiologistas orientam para prévios treinamentos aeróbios ao nível do mar, por várias semanas, no sentido de melhorar a capacidade aeróbia dos futebolistas não habituados a altitude, bem como um período de aclimatação adequada em altitude intermediária com relação ao ambiente em que a competição será realizada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A exposição aguda ou crônica a ambientes em hipoxia parecem induzir futebolistas não habituados a altitude, de maneira significativa, à níveis elevados de estresse e de ajustes adaptativos fisiológicos, proporcionando um grande declínio na performance esportiva, considerando-se que suas respostas são diferenciadas, individuais e específicas, por vários fatores: características individuais atléticas e psicofísicas, características genéticas e fisiológicas, características nutricionais, características ambientais e climáticas, situações do campo de jogo, sistemas táticos empregados, forma de economia equilibrada de energia durante a partida, formas de treinamento e de recuperação, organização, planejamento e ajustes equilibrados da periodização anual dos futebolistas (macrociclo; mesociclo e microciclo), etc.
Nestas condições os pesquisadores destacam ainda os riscos aumentados à saúde, sugerindo as possíveis complicações cardíacas, até o risco de morte súbita na existência de anomalia e disfunção cardíaca do futebolista.
Que as autoridades do futebol possam tratar o assunto de forma relevante, de primeira ordem, na busca de uma consciência desportiva para a preservação da saúde do futebolista não habituado a altitude.

REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
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(11) SINGI, G. Fisiologia dinâmica. São Paulo: Atheneu, 2007.

(12) WILMORE, J.H.; COSTILL, D.L. Fisiologia do esporte e do exercício. São Paulo: Manole, 2001.