sábado, 22 de maio de 2010

Paixão total: “Eu quero sempre mais”


EXCLUSIVO - Coordenador da preparação física do Grêmio, Paulo Paixão não esconde seu apetite por taças. Mira a Copa do Brasil e se fixa na Copa do Mundo. Sua motivação dobra a cada competição. Confira a entrevista:

Paulo Paixão chega ao Olímpico às 8h30min da sexta-feira engolida pela neblina. Seu carro preto importado, de luz acesa, desliza pelo pátio gingando no samba de Arlindo Cruz. Antes de se acomodar no estacionamento, pisa no freio e troca um amistoso minuto de conversa com um funcionário do Grêmio que limpa o pátio. Sai, tranca a porta, entra no vestiário, vê se as velas estão acesas, se as imagens dos santos estão limpas, muda de roupa e me recebe, com o fotógrafo Fernando Gomes, na sala de imprensa.

O preparador físico mais vencedor da história do futebol brasileiro está elétrico numa das primeiras horas da amena manhã de maio, 30 dias antes da estreia do Brasil na Copa do Mundo, contra a Coreia do Norte.

– Você nunca vai me encontrar desanimado. Sem chance.

Paixão é uma pessoa educada e humilde (os mais chegados o chamam de Paulinho Gentileza). Oferece café. Peço sem açúcar, como o dele.

Do fundo do vestiário, sai o meloso dueto sertanejo-universitário da dupla Victor e Léo, onde os jogadores se arrumam cheios de energia para o puxado trabalho matutino. Paixão não se importa com o som alienígena, mesmo que seu habitat natural seja o planeta do pagode, onde Zeca Pagodinho é grã-vizir.

A música move Paixão, anima, dá força, é companheira de trabalho e de viagem. Quando trabalhou no Jubilo Iwata, na segunda metade dos anos 1990, ele carregava um pandeiro no banco do carona. Ao ser engolido pelos gigantescos engarrafamentos à caminho do treino, Fundo de Quintal sacudindo o CD Player, ele pegava o instrumento e fazia seu próprio som. O tempo trucando no meio do trânsito passava voando.

– Olha, a vida reúne tantas tristezas, porque não deixar a música se encarregar de um pedaço do lado bom da vida?

vida profissional tem sido pródiga com o carioca Paulo Paixão. Ele ajudou a erguer taças de todos os brilhos e tons em distintos clubes e na Seleção – da gaúcha (”o cafezinho”, ele ri), à mundial, da brasileira à continental. Seu armário está lotado, mas onde ele cavouca motivação depois de mais de duas décadas de faixas?

– A próxima tarefa é sempre a mais importante. Eu quero mais, sempre mais. Estava atento no Gauchão, veio a Copa do Brasil e eu a desejo muito. Depois vou estar ligado na Copa do Mundo com a mesma dedicação. Eu me cobro muito. Vivo intensamente cada competição. Eu quero o Brasileirão – ele diz, acomodado numa das cadeiras estofadas da sala.

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